
OS superficiais, os simples, que apreciam sumariamente o amor, julgando-o uma relação social grosseira como todas as outras, crêem que o momento mais oportuno para a ruptura entre amantes é depois de uma zanga, uma crise, uma descarga de ciúmes, uma traição. Ingénuos! Essa é a ocasião mais inadequada para o abandono.O sofrimento e a cólera, não repelem, atraem: têm força coesiva, e não desagregadora; a separação definitiva, sem probabilidades de reencontro, só se pode levar a cabo num período de serenidade, quando não há no horizonte a menor sombra de traição, quando se pode olhar na alma um do outro como numa água clarificada, em que nenhum abalo faça subir do fundo velhas escórias de recordações turvas ou de sentimentos impuros.