sábado, 14 de novembro de 2009

a Filosofia do Lobo - e o amor à luz do dia...

NÃO sei por que razão os outros homens e as outras mulheres amam de noite, nos intervalos do tempo em que não há outra coisa que fazer. Fixam-se horas para coisas muito mais vulgares, como comer, e idiotas, como trabalhar. E ao amor, que é a coisa mais bela da vida, porque não destinam as horas mais belas do dia, como o meio-dia ou o crepúsculo? Detesto o amor nocturno.

É coisa para empregados, para operários, para maridos. Eu só aprecio o amor praticado à luz do dia, como um belo rito pagão. À noite, durmo. O amor e o sono são os nossos dois actos mais sublimes; por que há-de a prá­tica de um redundar em prejuízo do outro?

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

A filosofia do Lobo - e as reflexões sobre os seguidores..


Hoje a "Filosofia",como sempre, é dirigida a todos vós,que fazeis o favor de gostar dos disparates que digo,e a todos que também por aqui passam querendo mostrar aquilo que não são. Tambem aos que, em vez de escrever aqui o que lhes vai na alma,me mandam longas menssagens,via mail,insultando-me ou apresentando as suas teorias. A esses quero dizer que podem escrever directamente para o Blog,pois lhes garanto que nada será excluido do mesmo(trata-se de um blog aberto). Dedico o tema de hoje também aos que me ignoram de vez em quando, julgando que com isso me irritam... Sei que nem toda a gente tem pachorra para fazer longos comentários,é normal. Não se preocupem,eu tambem sou assim. Por outro lado,outros prefeririam que aqui publicasse versos idiotas ou lamechices. Nisso não alinho. Elogios fotocopiados,tipo «você é fantástico,ainda bem que apareceu»também dispenso. Há quem goste. Eu gosto dos seguidores que me contestam de frente,tenham ou não razão,gostem ou não,ou que sejam engraçados,ou irreverentes, do tipo "Continuando assim..." e quase todos os outros que sinto realmente como seguidores. Quanto aos comentários que faço nos vossos espaços,sei que são fraquinhos. Desculpem-me. Na realidade não o faço como gostaria.A verdade é que não tenho tempo e por vezes paciência. Não vos estou a menospresar,longe disso. Faço o que posso. E agora passemos ao tema de hoje..... -------------------------------------------------------------------------------------
...não é de se ficar de boca aberta saber que alguém roubou. O que mais admira é haver quem não roube. Já que em cada homem existe um ladrão em estado potencial, não vejo diferença alguma entre quem já roubou e quem vai ainda roubar. NÃO obstante a nossa falta de preconceitos ao avaliar os fenómenos da vida, quando somos tocados no nosso interesse ou no nosso afecto, reagimos energicamente, pondo-nos em contradição com a própria falta de preconceitos: após ter derrubado os ídolos, os instrumentos de tortura e as fórmulas hipócritas, curvamo-nos para os apanhar de novo quando precisamos de crer, de nos vingar, de mentir.
Podemos apreciar as mais audazes teorias sobre o amor livre e ver no adultério um fenómeno de compensação dos erros, mas se a mulher a quem amamos nos engana, insultamo-la ou a expulsamos de casa ou a matamos. Podemos sustentar que o filho do amor é tão digno de respeito como o filho legítimo, e rebelarmo-nos contra a sociedade que ultraja directa ou indirectamente o filho das ervas, mas se um filho de pai incógnito nos faz uma pequena desfeita, a primeira palavra que nos vem aos lábios é «bastardo». Pode-se ser um espírito honesto e iluminado como Emílio Zola, elevarmo-nos acima dos preconceitos de raça, e reconhecer que de Moisés a Charlie Chaplin os mais universais benfeitores da humanidade foram hebreus, mas se o dono da casa onde vivemos, que é israelita, não manda desentupir um cano, chamamos-lhe judeu.
OS homens que pouco ligam aos valores convencionais são socialmente perigosos, mas ninguém lança contra eles um brado de alarme, porque no Reino da Fantasia não há extradição. Em Genebra, diante do palácio da Sociedade das Nações- pensava eu - devia erigir-se um monumento a Esaú, o sublime despreocupado; nas cinco fachadas do pedestal, cinco altos-relevos: Diógenes, que, encolhido no fundo do tonel, convida Alexandre Magno a sair-lhe da frente para não lhe perturbar a helioterapia; Beethoven, que não tira o chapéu à passagem da família imperial; o filósofo grego Tímon, que antes de mandar derrubar uma figueira do seu jardim, em cujos galhos muitos atenienses se haviam enforcado, convida os diletantes do suicídio a aproveitarem os últimos dias; o poeta Heine que, em transe de morte, às exortações da mulher para que peça perdão a Deus, responde: «Ele há-de perdoar-me; é o seu ofício»; e pela satisfação de dizer um «bon mot», desafia as altas temperaturas do inferno. E finalmente aquele jovem senhor desconhecido, precocemente cansado da vida, que na carta ao chefe da polícia explica as razões do seu suicídio com estas cândidas palavras: «Trop de bouton à boutonner et à deboutonner»

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

A filosofia do Lobo - ..e os conselhos aos incautos deste mundo...

Não creias nunca na amizade de uma mulher. Quando ela disser que sente amizade por ti, isso quer dizer que começa a amar-te ou já não te ama.
O amor é como um líquido posto a ferver. Mal pára de aquecer, começa a arrefecer. Mal a temperatura cessa de subir, começa a descer. Quando a mulher não te ama «cada dia mais», podes ficar certo de que te ama cada dia menos.
Grava no teu córtex cerebral que todas as mulheres são cruéis. Podes desejar uma até ao delírio, até à loucura, até ao suicídio. Ela, se não quiser entregar-se, recusará, ainda que tenhas de delirar, enlouquecer, morrer. E entregar-se-á a outro qualquer, mesmo que não lhe agrade, pelo capricho de entregar-se. E lembra-te de que, feitas as raras excepções de recusa obstinada, todas as mulheres se dão com grande facilidade, como aquelas amostras de perfume que as lojas de cosmética e perfumaria ofertam como publicidade.
O primeiro amor e a primeira blenorragia nunca se curam. Todos os sucessivos sim. Mas o primeiro deixa sinais para toda a vida.
Não indagues nunca do passado de nenhuma mulher. É melhor ignorá-lo. Deixa que tenha qualquer passado sujo, mas não procures descobri-lo. A torpeza e o mal só existem na medida em que os conhecemos.
Se receias que uma mulher te queira fazer dormir com ela, faz-lhe a corte. Ela, naturalmente, por boa educação, dá-se ares de repelir-te, ou, pelo menos, de resistir.
Tu, então, não insistas mais e some-te.
Ela, vendo que te retiras, corre atrás de ti, e então tu tens o prazer de a rejeitar; causando-lhe um duplo despeito, tens uma dupla satisfação, e poupas o desgosto de ires para a cama com a mulher que não te agrada.






segunda-feira, 9 de novembro de 2009

O LOBO -..e os pensamentos doentios de uma noite sem luar...


Quero dizer-vos uma coisa... eu não sou o que aparento. A imagem que faço passar é apenas uma roupagem cuidadosamente tecida, que me defende das vossas perguntas e me protege da minha negligência. Meus amigos, o que eu sou mora na casa do silêncio, e lá dentro permanecerá para sempre, despercebido, inalcançável.

Não quero que acreditem no que digo nem que confiem no que faço – pois as minhas palavras são os vossos próprios pensamentos em articulação e o que faço, as vossas próprias esperanças em ação. Quando dizeis: “O vento vem do Norte”, eu digo: “Sim, sopra mesmo do Norte”, pois não quero que saibais que a minha mente não habita no Vento, mas nos Rios. Não podeis compreender os meus pensamentos, filhos das florestas da alma, nem eu gostaria que compreendesseis.

Preciso de estar só nas matas. Quando se faz dia convosco, é escuro dentro de mim. No entanto, mesmo assim falo do dia claro que dança sobre os montes e das sombras azuladas que se insinuam ao longo do vale: porque não conseguis ouvir as canções das minhas trevas nem ver as minhas asas,batendo contra as estrelas – e eu prefiro que não ouçais nem vejais.

Gostaria de ficar a sós com a noite. Quando ascendeis ao vosso Céu, eu desço ao meu Inferno – mesmo então chamais-me através do abismo intransponível, “Meu Amigo, Meu Companheiro virtual”, e eu respondo-vos: “Meus Amigos, Meus Companheiros Virtuais” – porque não gostaria que visseis o meu Inferno. A chama queimaria os vossos olhos, e a fumaça encheria as vossas narinas. E amo demais o meu Inferno para querer que o visiteis. Prefiro ficar sozinho no Inferno. Amais a Verdade, e a Beleza, e a Rectidão. E eu, por vossa causa, digo que é bom e decente amar essas coisas. Mas, no meu coração rio-me do vosso amor. Mas não gostaria que visseis o meu riso. Gosto de rir sozinho.

Meus Amigos, sois bons e cautelosos e sábios. Sois perfeitos – e eu também, falo convosco sábia e cautelosamente. E, entretanto, sou louco. Porém mascaro a minha loucura. Prefiro ser louco sozinho: Meus Amigos, vós não sois meus Amigos, mas como vos farei compreender? O meu caminho não é o vosso caminho. Contudo... juntos marchamos, de mãos dadas.