
O TEMPO fica: não é verdade que passe. Fica nas coisas para que um pouco de nós sobreviva à nossa desapropriação. As casas decrépitas, os móveis antigos, têm uma alma composta de emanações do passado: conservam os séculos na sua argamassa e nas suas fibras; são acumuladores de tempo, de ternura, de afectos estratificados que se volatilizam, que se nos oferecem quotidianamente, sem que o percebamos, e transformando os túmulos da história em poesia taciturna.
5 comentários:
Isto é tocante.
És simplesmente fantástico.
Gostaria um dia de ter o grande prazer de te conhecer pessoalmente.
Um beijo enorme para ti querido Lobo.
Hoje, assistia à uma novela e alguém disse:"O tempo não existe! Ele é simplesmente uma invenção da mente humana."
Eu concordo. Para a alma não há "o tempo"! Só há a vida e o espaço em que é vivida.
É... o tempo não passa - ele fica. Fica nas linhas do nosso rosto, nos cabelos brancos, no peso das nossas pernas cansadas. Acho que gostaria que ele passasse. :))
São os ecos das formas, que não se enterra, permanece o vivo da história, os fios magneticos.
No desgaste das horas o material se evapora, mas os versos, tornam-se invólucros do tempo que não se apagam nas impressões da memória...
Obrigado pela visita a minha casa.
Gostei do texto.
Livinha
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