Aos dezoito anos pouco custa esquecer uma mulher: basta dar um passeio com outra. Mas quando se está no limiar da maturidade, a que mentirosamente chamam segunda juventude, o separar-se de uma amante é operação cruenta. Deu-nos demasiado de si e demasiado lhe comunicamos de nós mesmos para podermos readquirir inteira a nossa individualidade. A nossa voz tomou as inflexões da sua, os seus nervos sofreram a influência dos nossos; adoptou-se um mesmo vocabulário; deu-se na dela e na nossa carne uma recíproca polarização; os nossos dois corpos fundiram-se numa célula que, para quem nos julga, é um par, mas para nós mesmos é um núcleo indivisível. Não mais temos uma individualidade nossa: cada um dos nossos gestos está subordinado a ela; somos como uma pedra-íman inerte, que somente se anima quando é o fluido daquela mulher que a percorre o envolve. Todas as outras nos parecem seres assexuados, e se um dia, por um capricho de sensibilidade marginal, chegamos a possuí-las, conservam-se ainda estranhas, e convencem-nos mais uma vez de que estamos fatalmente encadeados à amante única, necessária, insubstitufvel.
sábado, 7 de novembro de 2009
sexta-feira, 6 de novembro de 2009
O LOBO - ...e o D.JUAN....
OS homens afortunados com as mulheres são como certos hipnotizadores, que não conseguiriam hipnotizar sequer o comparsa, se não viessem anunciados pelo reclame, precedidos pela fama das suas pupilas fascinantes. Nesse complexo fenómeno de hipnose recíproca que é o amor, a auto-sugestão é a miúdo uma causa coadjuvante, às vezes causa eficiente. É raro que uma mulher resista à fascinação de um sedutor de grande classe, de um reconhecido Casanova. É raro que uma mulher, quando afronta milhares de quilómetros de comboio ou de avião para conhecer um músico ou um escritor que lhe abalou os nervos, sinta, ao vê-lo, que ele seja inferior ao que imaginara, e se lhe recuse. O D. Juan conquista a mulher que se segue em virtude da que a precedeu. Quando a série se rompe, acabou para ele. Pode dedicar-se à cultura do bicho-da-seda, à pesca a dinamite, à melhoria da raça de coelhos, mas não espere novas aventuras de amor.
quinta-feira, 5 de novembro de 2009
O LOBO - ...e a Moral ...
A MORAL (estratificação sucessiva de leis económicas herdadas dos nossos avós, com todo o juro acumulado dos preconceitos, falsas interpretações, fanatismos, chinesices), a moral é como um binóculo de teatro:alonga-se, encurta-se, reduz e aumenta, alarga e restringe o campo, em obediência a uma rosca situada entre os dois canudos.Naquela rosca, que tem o poder mágico de deslocar as distâncias, os valores, os planos e as proporções, existem todas as coisas inerentes ao sexo.
A Moral não é mais que um conjunto de preconceitos, de dogmas e de mentiras hereditárias, aceites sem exame crítico, e os moralistas estão sempre de acordo sobre todos os pontos do preconceito e da mentira. Um moralista que criticasse um dos dogmas da imbecilidade humana sobre que se apoia a moral, seria um moralista encaminhado na estrada da verdade. Por outras palavras, apartar-se-ia daquelas hipocrisias a que se tem de entregar um moralista ortodoxo.
terça-feira, 3 de novembro de 2009
O LOBO - e a alegria de viver...
domingo, 1 de novembro de 2009
O Lobo - e o dia de Finados..
Dia de Finados e a chuva Não existe uma explicação racional, mas na grande maioria das ocasiões, chove no Dia de Finados! Diz a lenda que... "chove nesse dia porque toda a tristeza das pessoas que perderam um ente querido sobe ao céu e desce em forma de chuva para lavar toda a mágoa de quem ficou”.