segunda-feira, 13 de junho de 2011

O Lobo e as divagações


O Amor é um estado alucinatório,electromagnético,reciprocamente sugestivo, que,para subsistir, não deve ser perturbado por nenhum incídente:quando se estabeleceu entre um homem e uma mulher essa diferença de potencial que forma o amor,se alguma coisa a perturba está acabado.O amor é constituido por numerosos pequenos elementos impalpáveis que geram as ondas;esses elementos impalpáveis são as pequeninas tolices que se fazem,que se dizem,que se pensam,os pequenos nomes adoravelmente grotescos que se dão um ao outro,o gesto terno da mulher que ajeita o nó da gravata dele,e ohomem que se ajoelha para beijar os pézinhos dela.Os condensadores que regulam essas correntes são sensibilíssimos,basta uma pequena alteração para que a onda deixe de ser emitida ou não seja recebida:e então o equilibrio em que mantinhamos a piramide de copos cessa e a pirâmide vacila;as adoráveis pequeninas tolices começam a parecer mesmo tolices, as carícias tornam-se ridiculas pieguices,Leninha passa a ser Madalena,Zé passa a ser José,o homem converte-se num imbecil que não sabe dar o nó da gravata,a menina agora é mulher,os pézinhos,os doces,pequenos,leves adoráveis pézinhos ficam simplesmente pés.No conflito entre o amor e o hábito,o que sucumbe inevitavelmente,é o amor.
O hábito da carne,eis o grande inimigo;deixa de haver diferênça de potencial:estamos influênciados um pelo outro.